
Acorda, acorda, acorda... Será essa a frase que eu tenho que repetir todos os dias para o espelho? Esse reflexo borrado de maquiagem... De choro, de desgosto.
Mais um dia passa, assim como essa minha vida monótona, as pessoas na rua são as mesmas, os mendigos continuam me extorquindo, ele continua sorrindo da vida que leva. Como ele consegue? Ser sínica sempre foi o meu forte, a minha marca, será que ele aprendeu a ser mais eu do que ele.
Bobagens ou não, sou uma eterna duvida na cabeça dele, um dia sou sexo, outro dia sou amiga, tem dias que sou inimiga ou dias que sou oferecida. E ele é sempre o mesmo, aquele que me faz de camaleão por amor. Porque aquela boca tem que ser daquele jeito? Há tantas bocas, tantos homens, eu posso me abrir para vários.
Ele consegue ser algo que nem mesmo Freud poderia explicar um alguém bipolar, talvez apaixonado, talvez oco, ou talvez ele mesmo. Mais já passou o amor, o riso, a minha vida, talvez eu seja sadomasoquista ou masoquista ou o amo demais, adoro sentir a dor que ele me causa. Chorei, chorei até ficar com dó de mim, tomei um calmante, um existente, mais já passou.
Meu amor já passou.
Mais se der repente eu me deparo com quem eu menos esperava falando que é para eu cantar uma esperança, há alguém que me ama, olhe em sua volta, olhe para o espelho, olhe para mim, será que meu amor tem dois nomes? Será ele o meu amor, que seja bem vindo, só deixe-me me te amar, pois eu já amei uma vez e eu sei que não é só andar de mãos dadas.
Agora vou andar com as minhas pernas, vou à leveza desse outro que usa um paletó que sempre esbarra em meu vestido. Meu amor voltou.